Ao longo dos anos a programação da Rádio
Nacional da Amazônia passou por transformações, e se tornou cada vez mais
segmentada. Para atender os mais variados públicos programas tratando da
realidade de diferentes grupos foram colocados no ar. Nesse cenário, no inicio da década de 1990 surgiu o
programa Nacional Jovem, cuja história se perdeu no tempo, e a sua origem não
se sabe ao certo.
Logo em seu inicio, o programa foi apresentado por aproximadamente três anos por
Luciano Seixas, que atualmente apresenta a Voz do Brasil. Luciano conta que não
lembra ao certo quando apresentou o programa. “Naquela época o programa estava
sendo reformulado, eu estava na Rádio Nacional de Brasília AM, quando vim para
Nacional da Amazônia, não sabia ao certo o que ia fazer. Mais quando tive que
saí já tinha construído uma relação muito forte com os ouvintes.”
Luciano Seixas foi locutor do Nacional Jovem na década de 90.
O programa tinha como principal
objetivo estabelecer uma relação entre os jovens e a emissora, o que aos poucos
acabou se concretizando. Luciano conta que o programa chegou a receber
aproximadamente 800 cartas ao mês. Os ouvintes escreviam pedindo informações
sobre relacionamento pessoal, namoro, pratica de exercício físico, cuidados com
a pele, entre outros assuntos “Atendíamos todos essas cartas com respostas que
tivessem a ver com a vida na Amazônia, ensinávamos, por exemplo, fazer mascara
com frutas da região para cuidar da pele”, conta Luciano.
Todas as temáticas
tratadas no programa eram distribuídas em quadros, mas se o ouvinte tinha um
assunto, uma curiosidade inusitada, escrevia para o “Eu quero saber tudo sobre
tudo”. “Esse era um quadro que os ouvintes adoravam, eles podiam mandar para
gente as suas curiosidades sobre qualquer assunto que íamos atrás de uma
resposta”, lembra o jornalista Luciano Seixas.
Depois da passagem de
Luciano Seixas pelo programa e do seu retorno para a Rádio Nacional de Brasília
AM, o Nacional Jovem saiu do ar. Retornou a grade de programação da Rádio
Nacional da Amazônia em 2003 com a apresentação de Carlos Moreira e produção de
Artemisa Azevedo. O programa nessa fase era levado ao ar de segunda à
sexta-feira das 13h as 15h, e aos sábados, de 12h15 ás 14h, com temas
relacionados aos jovens, como comportamento e educação, intercalando com
pedidos musicais.
Eram destaques no
programa quadros como “Dicas e Toques”, “Sinal Verde, Passagem Livre Para o
Meio Ambiente”, “Combinação de Signos”, “Qual o Significado do Seu Nome?”,
“Dicas de Português”, “Horóscopo do Dia”, entre outros.
Carlos Moreira ficou na apresentação do
Nacional Jovem até abril de 2006. Nesse período o programa passou por
transformações e passou a ser apresentado pelo jornalista Giovanni Mota, desde
então o programa passou a ser produzidos pelos estagiários. Alguns dos quadros
foram extintos dando espaço para entrevistas. Giovanni ficou na condução do
programa até 2008.
Em 07 de janeiro de 2008, o
Nacional Jovem passou a ser conduzido por uma nova equipe liderada pela
jornalista Juliana Maya, que contou com produção de Edna Martins. Durante
o seu processo de reestruturação os quadros foram extintos e o programa passou
apresentar apenas uma entrevista, e o quadro Dicas e Toques que é levado ao ar
sobre o comando do estagiário do programa.
Nesse período passaram pelo
programa os seguintes estagiários: Rafael Carvalho, Gustavo Lúcio, Guilherme
Pêra, Debora Lopo, Ara Alcântara, Márcia Caldeiras, e atualmente a produção é
de Janaina Montalvão.
De dezembro de 2009 a
setembro de 2010, o programa contou com a participação de Morillo Carvalho no
comando do quadro “Mosaico”, que apresentava nas sextas-feiras às dicas de
cultura par a região amazônica, o quadro deixou de existir ao se tornar um
programa.
No comando do Nacional
Jovem, Juliana Maya enfoca temas direcionados à juventude amazônica, como
comportamento, educação e cultura, intercalando com pedidos musicais. O
programa também oferece notícias com temas de interesse da juventude, com
debates que estimula os/as jovens a liderarem grupos sociais, a agirem dentro
de sua comunidade e entrevistas com especialistas sobre os temas que fazem
parte do universo jovem.
Rádio Nacional da Amazônia - Nacional Jovem (18.05.2010)
Beth Begonha sendo recebida no Alto Xingu (MT). Agosto 2007. Foto: Isaac Amorim
“Alô,
alô, chegou a hora/ chegou à hora do auê/ canto eu canta meu povo/ quero ver
cantar você.” É assim, ao som da música Chegou a Hora, composição de Paulo Onça
e George Jucá, na voz de Felicidade Suzy da Costa, que Beth Begonha coloca no
ar, diariamente, o programa Amazônia Brasileira, pela Rádio Nacional da Amazônia das 08h ás
10h. A música é como se fosse um tempo para o ouvinte aumentar o volume do
Rádio e chegar mais perto para ouvir uma voz que fala com o povo da floresta.
Vinhetas do programa "Amazônia Brasileira" (2012)
A primeira edição do Amazônia Brasileira,
foi ao ar em 1º de setembro de 2003. O programa foi criado dentro das
comemorações dos 26 anos da Rádio Nacional, que naquele ano reestruturou o seu
Plano Editorial dando maior ênfase a população amazônida em sua programação.
A
criação do Amazônia Brasileira
Na apresentação do programa Beth
Begonha traz para os ouvintes suas experiências frente às câmeras e aos
microfones. Nascida em Brasília, aos 15 anos, se muda para Porto Velho (RO),
onde um ano depois, em 1981, começa a sua carreira na comunicação, como
locutora integra a primeira equipe da Rádio Nacional FM de Porto Velho e da
Rádio Nacional Ondas Tropical, recém
implantadas pela Radiobrás, hoje EBC. Nessas emissora, ainda, produziu e redigiu programas e
noticiários. Passou pela TV Nacional de Porto Velho, onde foi repórter e
apresentou o programa infantil Du-vi-do-dó. Paralelamente, trabalhou com
publicidade, em campanhas políticas.
Em 1987, já formada em Jornalismo, Beth deixa Rondônia
e vai morar no Rio de Janeiro, trabalha no jornal institucional da Vale do Rio
Doce, passa pela Rádio Globo FM, apresenta o telejornal
local, no Sistema Brasileiro de Telecomunicação (SBT), o SBT Rio de Janeiro, e
apresentou o programa musical Rio In Concert, na TV Rio. Anos mais tarde de
volta a Brasília, passa a trabalhar na TV Nacional, onde apresenta o Repórter
Brasil e o Jornal Nacional.
No inicio de 2003 a jornalista passa a
integrar a equipe da Rádio Nacional da Amazônia, como produtora, e assim começa
a construir o projeto do que seria o programa Amazônia Brasileira. “Um programa
que juntasse toda essa minha vivência e capacidade de análise, inclusive da
situação geopolítica interna do país, as diferenças regionais, a valorização de
cada cultura... Cada quadro foi pensado dentro desse contexto amplo de visão
que pude ter, como vivente da Amazônia, como profissional da Amazônia, depois
na “meca" do rádio, no "sul maravilha", todo esse entendimento
sobre culturas, a questão do meio ambiente, enfim, tudo que eu fiz, e tudo que eu vi, o que aprendi, está nos
quadros do programa”, assim Beth Begonha narra o processo de concepção do
projeto do programa que apresentou a direção da Rádio Nacional da Amazônia.
Desde o início o programa é produzido e
apresentado por Beth, com co-produção de um estagiário. O primeiro co-produtor
do Amazônia Brasileira foi Daniel Costa, e ao longo dos anos, outros nomes como
Anna Virginia Souza, Aline Hanriot, Leandro Aislam, e Vera Ataídes, integraram a equipe.
Nos seus primeiros dois meses,
enquanto se estruturava, o programa contava com apenas uma hora de duração,
veiculado das 09h às 10h. Em seguida passou a iniciar suas transmissões às
08 da manhã, com quadros educativos ligados a história, lendas, e a cultura da
Amazônia e contava ainda com a participação de repórteres da Amazônia.
Com
passar dos anos alguns quadros deixariam de existir, em função do número
de pessoas envolvidas com o programa. “Infelizmente
alguns quadros do Amazônia Brasileira jamais foram ao ar, porque, para que ele
pudesse ser tudo que está no projeto precisaríamos ser uma equipe. Na verdade,
a equipe sou eu e um ajudante temporário, no caso um estagiário, o que torna
impossível a realização de todos os quadros e entrevistas com a qualidade e a
responsabilidade das quais não abro mão”.
E com as mudanças o Amazônia Brasileira
precisou se reestruturar. “Optei então por fazer um programa mais simples,
porém muito conciso, com pautas mais elaboradas, até porque as demandas
começaram a chegar, algumas envolvendo fatos graves”, conta Beth. Desde então
programa atende os ouvintes através de cartas, e-mails e diariamente leva ao ar
duas entrevistas com temas ligados a realidade e ao cotidiano da população da
Amazônia Legal, nos quadros “Eu Quero Saber, Você Perguntou e o Amazônia Brasileira
Responde”, “Juntando Forças, é o Amazônia Brasileira de Mãos Dadas com a
Sociedade por um Brasil Melhor” e o “Cuidando de Você, Dicas de Saúde, Higiene
Pessoal, Alimentação e Tudo que Melhore Nossa Qualidade de Vida”.
Eu
sou da Turma da Floresta
Uma das principais características do
Amazônia Brasileira é a relação que ele consegue estabelecer com os ouvintes.
Em 2005, Beth Begonha inova com uma promoção que continua valendo até hoje, “Eu
Sou da Turma da Floresta", em que se forma uma grande corrente de amigos
da natureza. “Tendo eu mesma vivido na Amazônia, tinha plena consciência de que
precisava envolver a população com a questão do meio ambiente, não como um tema
fora, mas como algo intrínseco da vida de cada um. Então me veio à idéia de propor
que cada um/a fosse um ser da floresta, a própria pessoa, como tu é Tucano,
outro é vento, outro é rio, outro é peixe, e que cada um se envolvesse com a
questão”.
E assim cada ouvinte que escreve para o
programa, ou os estagiários que passam pela co-produção se propõe a ser um
elemento da natureza. A jornalista Beth Begonha
é a Beija-Flor, a atual produtora Vera Ataídes é uma fruta do estado do
Pará, a Mangustin.
A comunicação
consequente do Amazônia Brasileira
Ashaninka tocam e cantam ao vivo no Amazônia Brasileira.
Através dos microfones da Rádio Nacional
da Amazônia Beth Begonha fala com a consciência de quem viveu a realidade da
Amazônia. Na pauta do Amazônia
Brasileira, além das questões ambientais é destaque a necessidade de valorização
da identidade cultural das comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas da
Amazônia. Formada em Jornalismo em uma cidade da
Amazônia, Beth conta que passou por condições adversas e sua história serve de
motivação para pautar a educação no Amazônia Brasileira, e incentivar os
ouvintes a voltarem à escola. “Estudei e concluí meu curso universitário com
muito esforço, e acho que esse testemunho, também é elemento forte nesse
incentivo, que teve tantos e tão lindo resultados”. Kattya Regina foi uma dos muitos ouvintes
que tiveram o rumo de sua história mudado, graças ao trabalho do Amazônia
Brasileira. Kattya conta que em 2004, quando o programa tinha apenas um ano, ao
ouvir uma mensagem lida por Beth, teve a consciência de que sua história
poderia ser diferente. “A mensagem, na íntegra, não me lembro, mas dizia que
nós podemos sonhar e realizá-los, só depende do tamanho da nossa vontade e
determinação”.
Kattya Regina e Beth Begonha, nos estúdios da Rádio Nacional da Amazônia, 2006.
Assim Kattya começaria sua luta para
concluir um curso universitário. “Despertou uma vontade dentro de mim que não
posso explicar o tamanho dela. Só sei que minha determinação para tudo mudou
completamente. Meu olhar para o "mundo" mudou completamente e nesta
minha caminhada, prestei vestibular na UFMS para Pedagogia EaD, e fui
até Brasília, conheci pessoalmente a Beth". Moradora do Assentamento Mutum, em
Brasilândia, Mato Grosso do Sul, depois de 14 anos longe de uma sala de aula
Kattya decide voltar a estudar, e para isso teve que enfrentar muitas
dificuldades. “Peguei muita boleia de caminhão para estudar. Pra sair daqui não
é fácil. Estamos no meio do nada, e não é literalmente falando. Pra sair na
BR-262 são 70 km de muita areia e barro para depois andar mais 50 km até a
cidade de Água Clara”. Estudando aos fins de semana Kattya Regina
concluiu a graduação, em seguida fez pós-graduação em Educação Integral e
Integrada, e enquanto se prepara para um Mestrado em Educação Ambiental
cursa Administração Pública, e ela lembra que tudo isso começou graças ao
Amazônia Brasileira. “Minha vida mudou totalmente com uma única mensagem que
ouvi lá atrás e que não esquecerei jamais”. As histórias dos ouvintes que tem a sua vida mudada com a contribuição do
Amazônia Brasileira se repetem. José Carlos Martins, de Tupã (SP), conta que
aos 40 anos trabalhando e estudando a noite conclui o ensino médio, e sem muitas
expectativas entrou em depressão. “Não
conseguia dormir durante o dia fui ouvir algo na internet ai entrou a Beth na
minha vida também falando de estudo qualificação dando aquela força já não
estava sozinho com o Jaime [Jaime Consptein na época apresentava o programa o
Brasil na Madrugada, na Rádio Gaúcha de Porto Alegre (RS) e também falava da importância da educação] e minha esposa na qual me deu grande força”.
José Carlos ouvinte de Tupã (SP)
Com o acompanhamento de um psicólogo e animado pelo Rádio, aos 43 anos José Carlos começou
o curso de técnico em informática, e tempos depois intercala com o curso
técnico em web design. “Hoje além de técnico de informática e técnico em web
design estou formado em pós-técnico em Java e técnico em redes de computadores,
escrevo uma coluna sobre tecnologia no siteparapua.net.”
E José Carlos finaliza: “Essa é minha historia influenciada pelo rádio,
principalmente pela Beth Begonha, do programa Amazônia Brasileira, da Rádio
Nacional”.
Frente à valorização da identidade cultural, o Amazônia Brasileira faz um
trabalho inédito, inseriu os povos indígenas na pauta do programa, abrindo um
espaço que valoriza esses brasileiros. Na trilha sonora do programa além do que
é sucesso do momento, os ouvintes tem a oportunidade de ouvir músicas que são
produzidas no interior da Amazônia. “Essa aproximação gerou uma outra relação
dos ouvintes com as populações indígenas, aumentado a empatia e o respeito por
sua cultura. Também eles, os índios, abraçaram o Amazônia Brasileira, que
sinceramente, eu acho que é o mais querido pelos nossos povos indígenas”, conta
Beth.
Essa relação com a população indígena
levou Beth a visitar a Parque Indígena do Xingu, em 2007, onde fez a cobertura
da visitaMinistro da Justiça,
Tarso Genro. “Nosso programa é andarilho e já foi transmitido em situações bem,
como direi, corajosas, do meio da floresta, do acampamento indígena em
Brasília, de vários encontros que trataram da biodiversidade da Amazônia,
incluindo a cultural. Essa é outra de nossas características, ir onde o povo
estar”, destaca a jornalista. A ultima transmissão do Amazônia Brasileira fora dos estúdios aconteceu dos dia 18 a 22 de junho de 2012. Durante a realização da Rio+20, o programa foi transmitido direto do Rio de Janeiro, sede do maior evento sobre o meio ambiente da última década.
Tuwe Huni Kuin, Beth
Begonha e Vera Ataídes,
nos estúdios da Rádio Nacional da Amazônia
O sentimento
amazônico do programa pode ser percebido na edição do
dia 24 de agosto de 2012, que contou com a participação Tuwe Huni Kuin, o índio
cineasta do povo Kaxinawá que estava de viagem marcada, a convite de uma
universidade americana, para estudar cinema em Hollywood. A outra entrevista
foi com Rogério
Dias, coordenador de Agroeciologia, do Ministério da Agricultura, sobre a recém lançada política de
agroecologia, e sobre as sementes crioulas. Há ainda o depoimento da Vera
Ataides, que, em seu último dia como estagiária, falou sobre a sua
"descoberta" da Amazônia a partir da relação com o programa onde
atuou por quase 11 meses.
Rádio
Nacional da Amazônia - Amazônia Brasileira (24.08.2012) Os ouvintes tem participação ativa no Amazônia Brasileira, e de diferentes fmaneiras, através de cartas, pelo telefone e pela internet. Sugerem temas para entrevistas, propõem assuntos para comentários, além de mandar os seus alôs fazem seus pedidos musicais. “Esse espaço do rádio popular também está no projeto do programa, na sua linguagem, para que pudéssemos falar sobre temas complexos, mantendo ao mesmo tempo uma linguagem simples e o modelo de programa popular na sua forma de execução, já que falamos para gente muito simples do interior desse Brasilzão”.
Sula Sevilles, apresentadora do programa Ponto de Encontro
Em
sua primeira década, a Rádio Nacional da Amazônia consagrou seu sucesso. As
cartas chegavam aos milhares; à participação dos ouvintes se tornou constante, com
pedidos musicais, declarações de amor por aquele trabalho que era capaz de levar
informações aos lugares mais remotos.
Entre as cartas, muitas delas se destacavam pelos recados a procura de parentes e amigos
que durante muitos anos não davam notícias. Para atender essas demandas, de uma
conversa das então produtoras, Artemisa Azevedo e Sula Sevilles, em março de 1985, nasceu o programa Ponto de Encontro.
Durante
seus dois primeiro meses o Ponto de Encontro foi apresentado por Sula Sevilles
e Mauricio Fares, que deixou o programa em maio do mesmo ano, e durante quase
dois anos Sula ficaria só na apresentação, até que em 1987 o programa recebeu
Mauricio Rabelo. Levado ao ar diariamente, sempre das 10h ás 12h, o programa
apresentava quadros com a previsão do tempo; horóscopo, notícias da Amazônia,
curiosidades, correspondência e recados.
Na década
de 90, o Ponto de Encontro passou por algumas transformações. Em 1990, além das
cartas, os ouvintes passaram a ser atendidos por telefone. As histórias de
reencontro de amigos e familiares já faziam parte da trajetória do Ponto de
Encontro. Em 1993, Sula tem seu segundo filho e passa quase um ano longe dos
microfones, e o programa passa a ser apresentado apenas por Mauricio Rabelo. Em
1999, Mauricio Rabelo já havia deixado o programa, e naquele ano Sula também o
deixaria para apresentar e editar a Voz do Brasil. Com a
saída de Sula e Mauricio, o comando do programa fica com Carlos Moreira que
ficaria no comando do programa até 2003, quando Sula Sevilles volta à
apresentação. No final de 2004 o programa passa por mais algumas transformações, em
função do aumento de recados, os quadros foram extintos, passando a contar com uma
entrevista, recados, cartas, e a sua ultima hora passou a ser integralmente
destinado ao atendimento dos ouvintes por telefone.
Sulla
Sevilles percorre as paredes de sua memória e conta algumas das histórias que
passaram pelo Ponto de Encontro e que mexeram com sua emoção. “No dia a dia são
muitas alegrias. Uma das mais fortes foi o fato da nossa ouvinte Maria José
Borges, de Pindorama, no Tocantins, colocar o nome da filha dela de Carmen
Krissula, que é meu nome”.
Vinhetas - Ponto de Encontro (2012)
Dos
reencontros de famílias Sula destaca. “Me emocionei, quando uma jovem de 22
anos contou que conheceu seu pai biológico, outra senhora conheceu a tia, 60
anos depois. Tem a história da Cleomália, de Pacajá, no Pará, que conseguiu
reencontrar o filho, de quem não tinha notícias desde muito pequeno e o
reencontrou com 14 anos. O reencontro foi muito sofrido. No dia que o menino
estava indo conhecê-la o pai dele, que o criava, morreu. Dias depois ele foi
conhecer a mãe, foi viver com ela, não deu certo, ele fugiu, tratou a mãe muito
mal, mas agora, ele já cresceu, e tudo mudou. O menino agora rapaz, trata a mãe
com carinho e respeito”.
Além das
histórias de reencontros existem as histórias de amor que se constituíram
através do programa. “Tem uma história interessante, de uma jovem que procurava
seu marido desaparecido porque não estava conseguindo criar dois filhos muito
pequenos. Ela acabou conhecendo outro rapaz, casou-se e vive feliz. E depois de
alguns anos, voltou a procurar o pai dos filhos dela e ele então apareceu”,
lembra Sula Sevilles.
Em 2011
mais de 100 famílias se encontraram através do Ponto de Encontro. E o programa
não emociona apenas a sua locutora, mas muitos dos ouvintes que tem a Rádio
Nacional da Amazônia como o mais importante canal de informação e diversão. Mensalmente
o programa atende aproximadamente 350 cartas e recebe mais de 800 ligações.
As
histórias de procura e reencontro se repetem. Em 10 de agosto de 2012, a
ouvinte Ires, de Xinguara (Pa), ligou para o Ponto de Encontro para agradecer a
Sula, por que através do programa seu esposo conseguiu encontrar o irmão depois
de 10 anos sem noticias. Rádio Nacional da Amazônia - Ponto de Encontro (10.08.2012)
E ao
mesmo tempo as ligações atendidas ao vivo emocionam, no programa de 08/08, Luiza,
de Passagem Franca (Ma), depois de décadas ouvindo o programa conseguiu pela
primeira vez falar com a Sula e contou que tem deficiência de visão e o
programa é a maior razão da sua vontade de viver. “Você é que me dá alegria no
coração, eu perdi a visão do meu olho, sic, e você que me dá alegria, você que
me dar vontade de comer ouvindo o seu programa, você que me dá tudo através de
Deus, ai vem a sua felicidade para mim”.
Rádio Nacional da Amazônia - Ponto de Encontro (08.08.2012) Roteiros
Roteiro do quadro "Curiosidades do Dia" veiculado em 07/09/2004, no programa Ponto de Encontro.
Roteiro do quadro "Receita da Floresta" veiculado em 07/09/2004, no programa Ponto de Encontro.
Pouco tempo depois de sua primeira década, a Rádio Nacional da Amazônia se torna pioneira nas discussões das questões ambientais. Nos anos 90 a emissora coloca no ar o programa Natureza Viva, que em 1992 foi reformulado pelo jornalista Paulo Lyra, numa tentativa de traduzir o conceito de sustentabilidade, difundido durante a Rio 92.
Graças a uma parceria entre o Fundo Mundial para a Natureza (WWF- Brasil) e o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), após passar pela reformulação, em 29 de maio de 1993, a então Radiobrás, hoje Empresa Brasil de Comunicação (EBC), dá início a transmissão semanal do Natureza Viva, em nova fase e horário.
Marina Silva, ambientalista engajada, pedagoga e política brasileira, quando Ministra do Meio Ambiente teve oportunidade de falar sobre a importância do Natureza Viva como um programa que ousou traduzir para os ribeirinhos da Amazônia temas como conservação e desenvolvimento sustentável, em uma época em que a maior parte da população ainda não entendia o que isso significava.
“Já tive a oportunidade de participar muitas vezes do programa Natureza Viva. Ele alcança várias populações de seringueiros, índios, ribeirinhos, pescadores, quebradeiras de coco, dentre outros” (Marina Silva, 2003).
Marina Silva, conclui seu depoimento ressaltando a grande contribuição do programa na luta cotidiana frente aos problemas e desafios ambientais.
“Dar voz às pessoas para que expressem seu cotidiano do ponto de vista social e cultural. Essa é uma grande contribuição e também uma inovação. É fazer rádio para diferentes segmentos que têm um conhecimento vivencial muito grande, mas não têm espaço para ver esse seu conhecimento ser expresso no todo social. O Natureza Viva ganha por tirar do mais particular, do local, aonde as coisas são mais densas, e devolver para a sociedade. Só se expande aquilo que tem densidade” (Marina Silva, 2003).
O projeto
Concebido para durar apenas três anos, Natureza Viva consolidou-se como um canal de expressão para as lideranças amazônidas e é uma referência na promoção da educação ambiental. Os ouvintes que se comunicam com o programa através de cartas dão prova disso. É o caso da carta desabafo de Quinto Emílio D. de Souza, de Xique-Xique (BA) que usou de lápis e papel para protestar contra a poluição dos rios :
“Isso é um absurdo. Recomendam que a população ferva a água para o consumo, ou coloque umas gotas de água sanitária na água para o consumo e permitem jogar lixo e água servida,sic, sem nenhum tratamento, nos lençóis dágua...Os rios do nosso país estão se transformando em verdadeiras fossas ambulantes!” (Quinto Emílio D. de Souza)
Ao longo de seus quase 20 anos, o programa passou por várias fases, mas sempre manteve o formato de revista radiofônica. Inicialmente, ele foi ancorado pela dupla Ida Pietricovsky e Carlos Moreira. Nesse mesmo período, com o apoio do UNIFEM, hoje ONU MULHERES, a jornalista Mara Régia Di Perna, era responsável pelo Natureza Mulher, um quadro dentro do Natureza Viva voltado para a questão de gênero e meio ambiente.
Concluída essa primeira fase, em 1995 o comando do programa passa a ser dividido por Mara e a radialista Rejane Limaverde. Daí pra frente à experiência se amplia com várias viagens de campo às comunidades. Oficinas de comunicação também começam a ser sistematizadas para ouso do rádio no combate às queimadas e incêndios florestais na Amazônia.
O Natureza Viva começa a ser reconhecido e premiado. Prêmio Towards 2000, setembro de 1995; Prêmio Embrapa de Reportagem, novembro de 1995; Troféu Gaia,1996. Em junho desse mesmo ano, quando Natureza Viva comemora o ciclo virtuoso de suas premiações, o presidente da Radiobrás, Maurílio Ferreira, assina a ampliação do contrato de parceria com o Ministro do Meio Ambiente Gustavo Krause, garantindo assim a permanência do programa no ar, diariamente das 7:30 às 8h. A assinatura do contrato foi destaque na Voz do Brasil.
Matéria sobre a nova fase do Natureza Viva, assinada por Patricia Novaes, e veiculada na Voz do Brasil (24.06.1996)
Em 1997, Mara Régia é selecionada pelo concurso de bolsas de estudos e pesquisas da Fundação Mac Arthur com o projeto Mulher nas ondas do rádio, corpo e alma rompem o silêncio. Com base nas cartas da audiência do programa, o projeto se dispôs a potencializar o uso do rádio no trato da saúde da mulher e direitos reprodutivos.
Mara Régia em companhia das Mulheres da Floresta, Pará, 1977.
“Olhe, amiga, estou desesperada. Por favor, me ajude. Tenho 52 anos. Tem um tal de corrimento e uma coceira que me perturba muito. Estou tomando remédio caseiro: alho com sumo de mastruz de folha grossa e malva do reino. Mas mesmo assim quando tenho relação, meu marido diz que estou fedendo! Com isto estou de mão na cabeça. Outra coisa, agora estou sentindo uma dor no fundo da virilha. Gostaria que mostrasse essa carta para uma doutora” (Rosa Vermelha de algum lugar da Amazônia).
Cartas como essa sempre despertam a solidariedade da audiência do programa que compartilha sofrimento com palavras de força e esperança. Sobre o caso de Rosa Vermelha, Maria Amélia do Nascimento de Carvalho, de Curionópolis – (PA) escreveu:
“...fiquei com muita pena daquela amiga que lhe escreveu... Quero dizer a ela que não se desespere.”
Durante os três anos do Projeto Mulher nas ondas.... Mara visitou várias comunidades extrativistas nos limites da Amazônia Legal com oficinas de comunicação e saúde reprodutiva.
Em busca de uma melhor compreensão sobre o funcionamento da geografia do feminino, Mara se utilizava do abacate e da goiaba para a representação do útero e dos ovários. O trabalho final desse projeto culminou com a radionovela “A vida pede passagem, uma história de luz” feita a quatro mãos por Mara e a ginecologista obstetra Lívia Martins que acompanhou Mara em muitas oficinas.
A participação das parteiras tradicionais do Amapá também foi decisiva na concepção da radionovela. As indígenas do Oiapoque, por exemplo, com seu canto gravado nos estúdios da Rádio Difusora de Macapá, transformaram os microfones da RDM em berço para história vivida pelo casal grávido, a Sônia e o Carlos, as amigas, Vera e Gilda , o machista, Carranca, e a parteira Ziquinha. Quem relata a importância da produção é um dos ouvintes, Marcos Antonio Tolentino, de Espinosa (MG):
“Estimada Mara, gostei muito da radionovela “A Vida pede passagem”. Esta novela ressaltou a importância de a mulher fazer o pré-natal e de optar pelo parto natural”.
Trecho da radionovela "A vida pede passagem, uma história", gravada em dezembro de 1999, nos estúdios da Rádio Difusora de Macapá.
Natureza Viva/ Natureza Mulher sempre foi um aliado na luta pela humanização do parto. Durante o desenvolvimento do Projeto Mulher nas ondas…. Mara encaminhou 150 cartas-denúncia à CPI da Mortalidade Materna instalada na Câmara dos Deputados no ano 2000. O dossiê consta dos anais da instituição.
Mulher nas ondas do rádio, corpo e alma rompem o silêncio
O fotógrafo Pedro Martinelli e o documentarista Gavin Andrews registraram a experiência. As fotos de Pedro são propriedade da Fundação e o documentário de Gavin “Somos parteiras”, lançado no II Encontro Internacional das Parteiras Tradicionais do Amapá, maio 2012, pode ser visto em: http://vimeo.com/42920215.
Na trilha do sucesso dessas iniciativas Natureza Viva foi Finalista Prêmio Ibero-americano, Unicef 1999; Finalista Prêmio Ayrton Senna, março de 2000 e 2001; Prêmio Cidadania, julho de 2002 e 2003.
Em sintonia com o trabalho desenvolvido como bolsista, Mara também amplia uma rede de repórteres Maritacas e Beija-Flores ligada ao programa na defesa da floresta e no trato das questões de gênero.
Iracema Freitas Silva, de Conceição do Araguaia, (PA), em uma de suas cartas escreveu:
“Sabemos que os seus programas têm contribuído de modo geral com muitas informações sobre saúde, educação e direitos das mulheres na nossa região. Nas reuniões de mulheres, elas sempre discutem a respeito do seu programa. Por isso, estamos solicitando a sua contribuição no sentido de divulgar o trabalho da Secretaria de Mulheres, realizado nas diversas regiões do nosso município.”
A parceria de Rejane Limaverde e Mara Régia encerra-se em 1997. Desde então Mara Régia fica só nos comando dos microfones do Natureza Viva , acompanhada apenas por Maria Bella, personagem infantil, interpretada pela própria Mara, no quadro Natureza Criança. Belinha nasceu muito antes da criação do Natureza Viva, quando Mara Régia era apenas produtora de alguns programas da Nacional da Amazônia, como o Clube o Ouvinte. Na radionovela infanto-juvenil, História do Dito Gaioleiro, adaptada por Heleninha Bortone do livro “O Fazedor de Gaiolas”, de Jennart Moutinho Ribeiro, e veiculada pela Rádio Nacional da Amazônia, em janeiro de 1980, Mara interpretava a personagem Estelinha, que entre os amigos era chamada de Belinha.
Maria Bella por mais de mais de 10 anos, de maneira lúdica, fazia educação ambiental com as crianças da Amazônia. Em 26 de junho de 2008 Belinha saiu do ar porque perdeu sua idealizadora, a radialista Heleninha Bortone. O luto transformou-se em homenagem póstuma.
Natureza Viva nas universidades
Da mesma forma que as “Cartas da Amazônia” ajudaram Mara Régia a formatar o projeto “Mulher nas ondas do Rádio – corpo e alma rompem o silêncio”, Natureza Viva tem ajudado inúmeros trabalhos acadêmicos nas universidades da Amazônia Legal. Várias teses foram publicadas sobre a presença do Natureza Viva nos seringais. Principalmente no Acre onde desde o ano 2000 o programa é retransmitido pela Voz das Selvas, como é popularmente conhecida a Rádio Difusora Acreana.
Em 1998, quando a Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) realizou a primeira pesquisa de audiência na área rural da região amazônica, o sucesso do Natureza Viva se traduziu em números. Todos os líderes rurais entrevistados conheciam o programa e 76, 7% deles afirmaram já ter adotado, na prática, pelo menos um conceito ou a informação difundidos pelo Natureza Viva.
Descontinuidade
Apesar da importância cada vez maior dada às questões ambientais, do sucesso do Natureza Viva, evidenciado na pesquisa da Unimep e da audiência, em meados do ano 2000, o governo de Fernando Henrique Cardoso decide interromper a trajetória do programa com a suspensão do contrato de parceria entre o WWF Brasil e GTA – Grupo de Trabalho Amazônico.
O Natureza Viva sai da grade de programação da Rádio Nacional da Amazônia e passa a ser transmitido pela Rádio Difusora Acreana com o apoio do governo do Acre, por meio da Fundação Elias Mansour. Nessa fase, Natureza Viva passa a ser um programa regional, veiculado aos domingos das 5 às 6 horas (horário local), pelo Sistema Difusora de Comunicação, que alcança os municípios de Xapuri, Rio Branco, Sena Madureira, Feijó, Cruzeiro do Sul e Epitaciolândia. Natureza Viva consegue ampliar seu espaço também em rádios comunitárias como Rádio Gameleira FM, do segundo Distrito de Rio Branco.
Retorno a Rádio Nacional da Amazônia
Em 14 de setembro de 2003, já no Governo Lula, o programa retorna à programação da Rádio Nacional da Amazônia com transmissão para toda a Amazônia Legal. Em festa, a audiência comemora: “Ouço o Natureza Viva todos os dias. Adoro tua risada, a gente ri também, não dá para aguentar... Quero lhe agradecer de todo o coração, pois através do Natureza Viva consegui me curar com a receita de alho", esse é o trecho de uma das cartas enviadas por Bernadete Duarte Basílio, de Nova Brasilânda D’Oeste (RO).
Acompanhe o áudio de retorno do Natureza Viva na Rádio Nacional da Amazônia em 14 de setembro de 2003.
No retorno do Natureza Viva a grade de programação da Rádio Nacional da Amazônia, a ouvinte Maria Albuquerque Muniz, de Tucumã (PA) falou da sua paixão pelo programa:
“[...] o Rádio lá para a minha região é igual uma sombra, para onde a gente vai carrega. Para roça, é na cabeça dos tocos, que o pessoal leva o radinho e bota lá e fica ouvindo a equipe Nacional, por que merece, sic. No dia que eu estou em casa é o dia todo. Mara, eu vou lavar roupa, eu levo o meu radinho, dou banho nos locutor da Rádio Nacional, porque cai da taba no igarapé. Dou banho na Mara Régia, dava banho na Tia Heleninha”.
Já Maria de Lourdes Lanes, de Brasiléia (AC) escreveu: “...É que eu estou tão longe! Eu nem sei quantos dias gastam para uma carta chegar aí”. E assim os ouvintes vão dando a dimensão da realidade em que vive, e evidencia a importância de um programa que fale a sua voz.
Já Maria de Lourdes Lanes, de Brasiléia (AC) escreveu: “...É que eu estou tão longe! Eu nem sei quantos dias gastam para uma carta chegar aí”. E assim os ouvintes vão dando a dimensão da realidade em que vive, e evidencia a importância de um programa que fale a sua voz.
A volta do programa à Nacional da Amazônia foi comemorada também com o lançamento de um CD com depoimentos de ouvintes e personalidades, como o da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o jornalista Washignton Novaes, a líder comunitária Raimunda dos Cocos, de São Miguel do Tocantins, entre outros.
O encarte do CD tem ilustrações das cartas feitas pela vovó Maria Almeida Portal, ouvinte de São Domingos do Capim (PA), que ao longo da trajetória do programa tem escrito centenas de carta para a produção do Natureza Viva.
Proteger II
Quando o programa voltou para a Rádio Nacional da Amazônia Mara estava engajada no projeto “Proteger – II”, do GTA- Grupo de Trabalho Amazônico. O Proteger II tinha sob sua responsabilidade a execução de 18 laboratórios de rádio em 07 estados da Amazônia Legal com o objetivo de combater as queimadas e dar visibilidade às experiências sem uso do fogo na região Norte.
O projeto fez do Natureza Viva matriz para a produção de vários programas voltados para a proteção da natureza, e assim ampliar ainda mais a rede de comunicadores populares, chamados de Maritacas e beija-flores.
Em reconhecimento a todo esse trabalho na articulação e mobilização das mulheres amazônidas e por sua atuação contra as desigualdades de gênero através do rádio no Natureza Viva / Natureza Mulher, em 2004 Mara Régia foi indicada ao prêmio Cláudia , categoria Trabalho Social. A audiência, mais uma vez, comemorou, José Maria da Silva Araújo, de Medicilândia (Pa) escreveu :
“Você está de parabéns por este fantástico programa, que nos ajuda muito com informações importantíssimas para todas as mulheres, enfim para todos nós. Mara, eu trabalho como Agente Comunitário de Saúde, na Comunidade Sagrada Família. Trabalho com 50 famílias, pesando as crianças, orientando as famílias. Todos os meses nós se reúne para fazermos a multimistura. Com o seu programa e suas informações aprendemos cada vez mais”.
O trabalho de Mara Régia voltado para as questões de gênero e meio ambiente contribuiu para que 2005 fosse um ano especial na vida da jornalista. Acompanhada por 52 renomadas brasileiras Mara foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz, pelo projeto 1000 Mulheres pela Paz. Nesse mesmo ano, Mara Régia é classificada em terceiro lugar no prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente.
Na edição seguinte do prêmio Chico Mendes, Mara volta a ser indicada ao prêmio. Na ocasião a jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum em uma carta poesia, que levou o nome de Carta da Floresta, assim apresentou Mara:
“Mara Régia Di Perna é do tipo que a lenda chega antes, muitas curvas de rios, igarapés, cachoeiras, corredeiras antes. Aconteceu comigo. E acontece com cada repórter, autoridade ou viajante que bota o pé na Amazônia. A nossa cara, o jeito, as roupas, denunciam que viemos do Brasil de longe. E naquelas lonjuras, eles detectam não um rosto, mas uma voz. No ritual de aproximação, em que o visitante e o visitado tentam achar um ponto de ligação, algo que nos torne do mesmo país, que una nossas diferenças, Mara Régia aparece” (Leia a integra da carta).
Mara fica em primeiro lugar na categoria Arte e Cultura. O prêmio concedido pelo Ministério do Meio Ambiente é uma forma de valorizar projetos que contribuem para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Para Mara Régia essa premiação é uma espécie de 2a. certidão de nascimento. É como se ela tivesse nascido de novo na AMAZÔNIA, seu território de amor e de luta em prol dos povos da floresta.